Dia dos

Fuzileiros Navais

Desde 1808, 07 de março, 216 anos

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

Rio de Janeiro, RJ, 7 de março de 2024.

ORDEM DO DIA Nº 1/2024

Assunto: Ducentésimo Décimo Sexto Aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais

Fuzileiros Navais; quem são esses vibrantes guerreiros?

Há exatos 400 anos, era erguida, com o propósito de proteger a cidade do Rio de Janeiro, a Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, hoje sede do Corpo de Fuzileiros Navais. Alguns anos antes, em 1621, nesse mesmo contexto de invasões estrangeiras, pirataria, ameaças ao tráfego marítimo internacional e à liberdade de navegação, havia sido criado o Terço da Armada da Coroa de Portugal, origem comum do Corpo de Fuzileiros da Marinha de Portugal e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. Quatro anos mais tarde, em 1625, o Terço da Armada teria seu batismo de fogo, justamente no litoral brasileiro, onde, como força anfíbia e expedicionária, desembarcou em Salvador, expulsando os invasores holandeses. Como justa homenagem, o Corpo de Fuzileiros da Marinha de Portugal recebe hoje a Medalha da Ordem do Mérito Naval, mais alta condecoração da Marinha do Brasil.

Passados quatro séculos, as semelhanças entre a atual ordem marítima mundial e a vigente àquela época, especialmente em termos de insegurança, são simplesmente estarrecedoras. Navios mercantes são ameaçados e agredidos em águas internacionais, não apenas por piratas, mas também por grupos paraestatais muito bem armados. Navios de guerra, sofisticados e poderosos, são atacados, com sucesso, de forma assimétrica, a partir do mar ou de terra. Além disso, outras formas de ameaça, como o terrorismo, o tráfico internacional, a pesca ilegal e os crimes ambientais, proliferam, contribuindo para desestabilizar, ainda mais, a boa ordem no mar.

Para um país como o Brasil, que deve zelar pela segurança dos 5,7 milhões de km2 da sua colossal Amazônia Azul, protegendo nossas imensas riquezas e cuidando da nossa gente, em um cenário de crescente carestia internacional, a importância da capacitação plena da sua Marinha e, naturalmente, do seu Corpo de Fuzileiros Navais, torna-se evidente e inadiável.

Ao completar 216 anos de existência, o Corpo de Fuzileiros Navais permanece cônscio da imperiosa obrigação de harmonizar três necessidades prementes: preservar suas mais caras tradições, que foram fundamentais para atingir o grau de credibilidade atual; manter-se no mais elevado nível de prontidão operativa, sendo capaz de responder, imediatamente, às inúmeras demandas recebidas, constituindo a força estratégica de pronto emprego, de caráter anfíbio e expedicionário do nosso País, conforme determina a Estratégia Nacional de Defesa; e, finalmente, reinventar-se, acompanhando os desafios impostos por um mundo em acelerada e turbulenta transformação.

Sobre as tradições, a imortal Rachel de Queiroz relembra que “em um tempo onde ninguém se preocupa muito com tradições, abre-se uma exceção para os Fuzileiros Navais. Eles são uma tradição viva, amada, indispensável”, acrescentando ainda que “Quem quiser saber da história dos Fuzileiros Navais não precisa consultar nenhum livro especial, basta ler a história do Brasil”.

Nos dias atuais, como única tropa formada exclusivamente por profissionais, sem descuidar da principal e essencial missão constitucional de defesa da Pátria, cumprindo rigoroso, intenso e ininterrupto ciclo de adestramento, seguimos atuando em todo o espectro das operações militares.

Há quatro meses, juntamente aos navios da nossa Marinha, estamos na desgastante operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Santos e nas suas respectivas áreas marítimas. No último mês, fomos novamente chamados a apoiar a defesa civil, socorrendo a população, nessa ocasião, na baixada e no sul fluminense. Em 2023, estivemos presentes em operações reais nas Terras Yanomami, em Roraima e nas fronteiras, preservando nossa soberania.

No início deste ano, o Grupamento de Fuzileiros Navais de Santos foi reativado, fortalecendo a capacidade de pronta resposta e vigilância na região, um ponto nevrálgico para a economia e segurança marítima do país, consolidando a presença de Fuzileiros Navais em todos os Distritos Navais. Foram também retomados os planejamentos para a defesa de nossas Ilhas Oceânicas, que se apresenta, pela conjuntura, como um importante viés de atividade do nosso porvir.

O último ano foi marcado pela consolidação da Operação Formosa, o maior exercício militar no planalto central, como conjunto e multinacional, exemplo de interoperabilidade, sinergia e integração entre as Forças. Pela primeira vez, as atividades envolveram uma ultrapassagem, com a efetiva participação de blindados da Marinha e do Exército, atuando juntos, além das aeronaves da Força Aérea. Destaca-se a participação de Fuzileiros Navais de todas as regiões do Brasil e de outros 11 países, marcando seu caráter cada vez mais internacional. Neste momento, prestamos uma homenagem à memória dos Primeiros-Sargentos Fuzileiros Navais Renan Guedes Moura e Luiz Fernando Tavares Augusto, cujo falecimento no cumprimento do dever, em acidente aéreo durante o exercício, deve servir como importante alerta dos riscos sempre envolvidos em um treinamento realista e dos perigos inerentes à profissão militar.

Na busca por assegurar continuamente as melhores condições para o treinamento, importantes avanços foram obtidos, destacando a presença permanente na “Base Aérea Expedicionária da Marinha em Furnas”, Minas Gerais, essencial para as operações ribeirinhas e, principalmente, a obtenção, em Itaoca, no Espírito Santo, onde o CFN realiza exercícios anfíbios há mais de 50 anos, de um novo terreno, que multiplica por três a área pertencente à Marinha, permitindo emprego de munição real.

Nas operações de paz, permanecemos como primeira e única tropa do País, classificada no mais elevado nível de prontidão (nível III), pela ONU, que destacou a “mentalidade expedicionária, móvel e ágil; altos padrões de prontidão operativa e de pessoal; forte comando e controle; elevada moral e disciplina”. O Centro de Operações de Paz de Caráter Naval ampliou ainda mais sua atuação internacional, estabelecendo importante parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Nos recursos humanos, seguimos avançando, a passos largos, na incorporação das mulheres. No final do ano passado, a Escola Naval formou a segunda turma com mulheres no CFN. No início deste ano, a inédita participação das mulheres no Curso de Soldados Fuzileiros Navais efetiva sua inclusão em todos os corpos, quadros, escolas e centros de formação da Marinha. Na véspera do Dia Internacional da Mulher, nossa homenagem à honra, à competência, à determinação e ao profissionalismo das mulheres que integram o Corpo de Fuzileiros Navais!

A ampliação do Programa de Recolocação Profissional, por meio da institucionalização de novas parcerias, vem criando cada vez mais oportunidades para aqueles que não puderam prosseguir na carreira. Somente em 2023, quatrocentos e setenta Fuzileiros Navais passaram por cursos de capacitação. Não deixaremos ninguém para trás! Uma vez Fuzileiro Naval, sempre Fuzileiro Naval!

No campo do material, em que pesem as severas restrições orçamentárias que vêm afligindo as Forças Armadas, prosseguimos avançando, dentro das possibilidades, no programa estratégico PROADSUMUS, de modernização do CFN, com a chegada de novas viaturas JLTV e UNIMOG, que ampliam a mobilidade e a proteção blindada. Prosseguimos na busca de soluções para a obtenção de armamentos que permitam revigorar a capacidade de causar danos, atributo essencial para o pronto emprego na defesa do País. Avançam também importantes projetos na área de ciência, tecnologia e inovação.

Na defesa nuclear, biológica, química e radiológica, progressivamente nos tornamos referência, dentro e fora da Marinha, como demonstra o recente acionamento, seguido de resposta imediata, em incidente internacional no Consulado Geral da Rússia.

No preparo físico, fator essencial, atemporal e inegociável, seguimos com ímpeto, valorizando a capacitação dos militares do CFN e de toda a Marinha. Nossos atletas de alto rendimento, por meio do Programa Olímpico da Marinha (PROLIM), têm alcançado resultados, cada vez mais expressivos. Depois de uma brilhante participação nos Jogos Pan-Americanos no Chile, onze militares da Marinha receberam o Prêmio Brasil Olímpico, como melhores das suas modalidades. Os prêmios de melhores atletas do CISM foram igualmente obtidos por dois atletas da MB.

No desenvolvimento social, continuamos a criar oportunidades e transformar vidas, por meio do Programa Forças no Esporte (PROFESP), atendendo mais de três mil crianças, em situação de vulnerabilidade, em 21 Organizações Militares do CFN, espalhadas por todo o país. Em poucos dias inauguraremos o primeiro laboratório de tecnologia inteiramente dedicado a elas, no Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais, viabilizado por importante parceria com o Edge Group.

Com foco no futuro, realizamos o 4º Simpósio do Corpo de Fuzileiros Navais: “Os desafios da prontidão operativa em um mundo em transformação”, contando com a participação dos líderes dos mais respeitados Corpos de Fuzileiros Navais de dez países (Argentina, Brasil, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, EUA, França, Itália e Portugal). Os debates reforçaram a importância da atuação em quatro vertentes: operações anfíbias, operações ribeirinhas, ações nos litorais e ações de proteção. Em um país com as dimensões do Brasil, ações nos litorais, integrando navios e Fuzileiros Navais, são fundamentais para a segurança marítima, especialmente na nossa Amazônia Azul.

As conclusões do simpósio já começaram a ser implementadas, marcando o início da 1ª fase de um importante processo de reestruturação. Nesse sentido, a nova concepção do Comando do Treinamento e do Desenvolvimento Doutrinário do Corpo de Fuzileiros Navais (CTDDCFN), ao integrar, seguindo as melhores práticas internacionais, as atividades de ensino, instrução e desenvolvimento doutrinário, permitirá melhora significativa da sinergia entre os processos de gestão do conhecimento e de ensino-aprendizagem, essencial para o adequado preparo e manutenção dos mais elevados níveis de prontidão operativa.

Sempre na vanguarda e atento às tendências inexoráveis do futuro dos conflitos, o CFN iniciou este ano, em associação com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o primeiro curso de pós-graduação de Inteligência Artificial (IA) aplicada a sistemas militares realizado no País.

Tal parceria reforça a crença na importância das relações civis militares e da tríplice hélice para o futuro do desenvolvimento do País. Agradecemos assim os sólidos vínculos estabelecidos com as mais respeitadas instituições de ensino superior (UFRJ, UFF, PUC-RIO, FURG e King’s College London), com organizações empresariais e sociais, dentre muitas outras.

Fuzileiros Navais, de ontem, de hoje e de sempre, reverenciemos nossos heróis do passado, assim como todos aqueles que, silenciosamente, contribuíram para que chegássemos até aqui, conquistando o respeito e a admiração do povo brasileiro.

Que o nosso dia nos inspire a enfrentar os desafios futuros com coragem, aprimorando nossas habilidades, fortalecendo nossa unidade e preservando a grandiosidade do Brasil no espaço marítimo global. Neste mundo em constante transformação, é fundamental para a segurança e defesa do nosso País, que sigamos firmes e inarredáveis na nossa prontidão operativa e nas nossas capacidades anfíbia e expedicionária, sempre prontos para sermos imediatamente empregados, onde, como e quando determinarem os interesses nacionais.

Parabéns a todos os Fuzileiros Navais, cuja dedicação incansável molda o presente e protege o futuro de nossa amada nação. Juntos, avançamos, sempre prontos e inabaláveis na defesa do Brasil. Que Deus abençoe nossa linda e amada Pátria!

Sempre que o Brasil necessitou, aqui estivemos, aqui estamos, aqui sempre estaremos!

ADSUMUS!

CARLOS CHAGAS VIANNA BRAGA
Almirante de Esquadra (FN)
Comandante-Geral








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