Navio Polar

O navio será capaz de operar no verão e outono no Continente Antártico

Navio Polar

Após pesquisa e estudos realizados pela Marinha do Brasil (MB), o futuro Navio Polar (NPo) teve seu nome escolhido: “Almirante Saldanha”. O NPo reduzirá o tempo de reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em função dos guindastes com maior capacidade de carga e manobra, e será melhor equipado para o lançamento de acampamentos e terá maior autonomia para ampliar o apoio às pesquisas.

O novo navio substituirá o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” e terá recursos técnicos mais modernos como o sistema de navegação e de controle, que permitirão maior aproximação do navio com a praia para desembarque de pessoal e material, em segurança.

Após a assinatura do contrato que ocorreu em 13 de junho, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) receberá, até 2025, um novo navio em apoio às operações na Antártica. O Navio Polar (NPo) terá dimensões de 93,9 metros de comprimento, 18,5 metros de largura, calado de seis metros e autonomia para 70 dias. Com propulsão diesel-elétrica, o navio terá uma tripulação de 95 pessoas, incluindo 26 pesquisadores. Com a sua construção, a previsão é de geração de 500 a 600 empregos diretos e 6 mil indiretos, além de fomentar a indústria naval brasileira e a base tecnológica nacional.

Estavam presentes no evento o Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, representantes da Marinha, da EMGEPRON e das empresas envolvidas.

O novo navio da Marinha do Brasil substituirá e desenvolverá as mesmas missões que o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, mas com capacidades aprimoradas em função da experiência no PROANTAR e dos requisitos de apoio à nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). “Para manter o status de membro consultivo do Tratado da Antártica é necessário que o Brasil esteja presente e realize pesquisas científicas substanciais na região, fato que o novo navio ajudará a incrementar”, afirmou o Diretor-Geral de Material da Marinha, Almirante de Esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes.

O contrato prevê a construção, em território nacional, de um navio capaz de operar no verão e outono no Continente Antártico e com capacidade de navegar tanto na formação de gelo mais recente, quanto nas placas mais antigas, que possuem maior resistência. O NPo será construído nas instalações do Estaleiro Jurong-Aracruz (EJA), localizado no estado do Espírito Santo.

“Como membro signatário do Tratado Antártico, nosso País passou a ter direito a voto e participação nos fóruns de decisão sobre os destinos do continente austral, bem como assumiu compromissos internacionais em regime de cooperação internacional afetos à preservação da liberdade de exploração científica naquela região”, complementou o Almirante Cunha.

O documento foi assinado entre a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e a Polar 1 Construção Naval SPE Ltda. – Sociedade de Propósito Específico constituída pelo Estaleiro Jurong Aracruz Ltda. e SembCorp Marine Specialised Shipbuilding (SMSS) PTE. LTDA. O propósito é a construção de uma embarcação com capacidade para navegar em campos de gelo. Para isso, necessita possuir casco em formato específico e reforçado, particularmente na sua proa, para abrir caminho e quebrar as placas de gelo, utilizando o próprio peso do navio e, por vezes, o turbilhonamento provocado por seus propulsores.

Para a obtenção do NPo, foram capitalizados pela EMGEPRON aproximadamente R$ 740 milhões. O investimento envolve a compra de equipamentos e sistemas científicos, planos de gestão do ciclo de vida e apoio logístico ao Programa Antártico Brasileiro. O escopo de engenharia, aquisição e construção será conduzido pelo EJA, com a transferência de conhecimento e experiência da SMSS na construção de embarcação semelhante, em Singapura.

Durante o evento de assinatura, o Diretor-Presidente da EMGEPRON, Vice-Almirante (IM) Edesio Teixeira Lima Junior, destacou que “a construção do navio incrementará a participação brasileira nos processos de decisão sobre o destino do Continente Antártico, já que o Programa Antártico passará a dispor de um navio melhor equipado”.

Entre os benefícios esperados estão a redução do tempo necessário para o reabastecimento da EACF, com a inclusão de guindastes modernos e de maior capacidade de carga e manobra ao novo navio; sistema de navegação e de controles sofisticados, que permitirão maior segurança na aproximação do navio com a praia para desembarque de material e de pessoal; maior capacidade de apoio às atividades de pesquisa, com capacidade de lançamento de acampamentos, possibilitando, assim, a ampliação da área passível de ser visitada pelos pesquisadores, incluindo as regiões oceânicas e terrestres.

No fim do evento, o Ministro Paulo Alvim elogiou a assinatura do contrato e ressaltou a sua importância para a pesquisa científica brasileira. "Esse é o ano do bicentenário. É um ano de entregas que marcam os esforços de muitos brasileiros ao longo desse tempo. Gostaria de agradecer às parcerias que a Marinha, a Força Aérea e a ciência brasileira fazem no continente antártico. Lá é um pedaço do Brasil onde brasileiros trabalham a favor do Brasil e do planeta".

O NPo “Almirante Saldanha” será o segundo navio da MB que ostentará o nome desse personagem histórico. O primeiro a levar esse nome foi o Navio-Escola “Almirante Saldanha”, incorporado em 1934 e convertido em Navio-Oceanográfico em 1966, equipado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para formar os primeiros oceanógrafos do Brasil.

A homenagem refere-se ao Contra-Almirante Luiz Philippe Saldanha da Gama, nascido no Rio de Janeiro em 1846, que ingressou na MB em 1861. Em sua carreira naval destacou-se em diversas oportunidades como na Campanha do Uruguai (1864-1865) e na Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870). Ele foi Comandante da Corveta “Parnaíba”, na sua viagem ao Estreito de Magalhães e Costa da Patagônia para observar a passagem de Vênus pelo disco solar, um grande feito em 1882. Sua viagem de estudos e observações astronômicas no extremo sul da América é considerado marco das ações brasileiras na região austral. Foi ainda Comandante do Cruzador “Almirante Barroso” na viagem de instrução de 1886 e Diretor da Escola Naval, a partir de 1892. Também participou da Revolta da Armada (1893) no Rio de Janeiro. Por fim, tombou heroicamente na Batalha de Campo Osório, em Sant´Ana do Livramento (RS), onde ele perdeu a vida montado em um cavalo e ferido com uma lança no peito, em 1895, durante a Revolução Federalista (1893-1895).

Fonte: Agência Marinha de Notícias