ERNESTO PAGLIA
"Quem vive ou trabalha nesses pontos distantes do mapa pode se considerar embaixador do Brasil. São essas pessoas que nos representam. São elas o Brasil no meio do Atlântico, nossa garantia de que as águas à nossa volta continuem a ser extensão natural do nosso País."
Nasci no Planalto Paulista, longe o suficiente do mar para tornar cada encontro com ele mais importante. Talvez quem vê diariamente, ao abrir a janela para dar bom dia, tenha com ele uma relação mais sem cerimônia. Mas eu faço parte do grupo de pessoas que enxergam cada onda com respeito e curiosidade. O que haverá além daquelas pedras na barra? O que se esconde por trás daquela linha onde os azuis do céu e do oceano se encontram?
Cresci e me tornei jornalista. E a profissão que já me deu tantas alegrias levou-me a bordo da maior de todas as expedições marítimas que a TV brasileira já realizou, o Globo Mar. A esta altura, já são quatro anos de navegações, principalmente por águas nacionais. E tenho a alegria de constatar nas ruas que nossas câmeras se transformaram numa janelas para o Brasil olhar cada vez mais para o azul que nos abraça. Os telespectadores comentam, perguntam, pedem sempre mais informações. O brasileiro já não se contenta com ir a praia. Também quer como eu, descobrir o que há alem da linha de arrebentação.
Minha relação mais, desculpem o trocadilho inevitável, profunda com o mar nasceu em 1985. Foi quando fiz meu primeiro curso de mergulho. A finalidade era, realizar uma reportagem. Fomos realizar um dos primeiro documentários do Globo Repórter sobre o arquipélago de Fernando de Noronha. Depois disso, tive a oportunidade de navegar e mergulhar pelo mundo afora. O mais importante, pude conhecer as nossas cinco ilhas oceânicas, com suas belezas, dificuldades e heróis. Brasileiros que trabalham nesses lugares remotos, cercados pela natureza e dedicados à pesquisa, à defesa ou, simplesmente, a tocar suas vidas em alguns dos trechos mais interessantes e belos de nosso País.
O mar pode guardar imensos tesouros, conhecidos ou por descobrir. Ele nos dar acesso ao mundo, ele serve de moldura espetacular para nossa costa. Mais do que isso tudo, ele é a continuação de nosso território. E cuidar de casa é a nossa obrigação. Quem é dono tem mais responsabilidades. E deve conhecer, cuidar, preservar.
Só assim nossos descendentes poderão desfrutar de um futuro pleno. O dever de preservar vem junto com a magnífica herança que recebemos e passamos a diante.