Page 11 - Livro - A Construção Naval Militar no Brasil
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Prefácio
“Marinha é navio”. Essa frase muito comum de se ouvir em nossa Força Naval, apesar
de sua brevidade, é muito significativa. De fato, a Marinha é a parcela militar destinada
a operar no mar, onde os navios são tão essenciais ao cumprimento da missão que se
confundem com a própria Força. Não é por acaso que nossas Organizações Militares
em terra possuem mastro, sino de bordo e portaló.
Um navio é muito mais do que um meio a ser empregado para a execução de tarefas
do Poder Naval. Para nós marinheiros, é também o nosso segundo lar, que nos garante
a sobrevivência nas desoladas longitudes salgadas. É um pedaço da nossa terra natal
cujo pavilhão tremula em seus mastros, nos lembrando o porquê de estarmos longe de
casa e dos nossos entes queridos.
Os navios têm alma.
Cada um deles é um mundo de convívio e camaradagem dentro de um universo de
valores e costumes que irmanam os homens e mulheres do mar.
Aqueles que concebem e constroem navios não estão apenas materializando engenhos
fascinantes, estão forjando mundos e, não raramente, estão ajudando a moldar o mundo
em que vivemos. Basta lembrarmos dos construtores das inovadoras caravelas que,
por navegarem contra a direção do vento, propiciaram os descobrimentos e grandes
navegações portuguesas nos séculos XV e XVI.
Ao longo dos seus primeiros 200 anos de existência, a Marinha do Brasil já operou
importantes navios construídos em estaleiros estrangeiros, alguns sob encomenda,
como os imponentes Encouraçados “Minas Gerais” e “São Paulo”, e outros comprados
usados, como os elegantes Cruzadores “Tamandaré” e “Barroso”. No entanto, parcela
significativa da base material do nosso Poder Naval foi construída em estaleiros
brasileiros, com destaque para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), que